terça-feira, 10 de maio de 2011

Benz Patent-Motorwagen

No início era triciclo Considerado o primeiro automóvel do mundo, modelo criado por Karl Benz completa 125 anos de fabricação, contados a partir do pedido de registro de patente, de 1886.

O sábado é de comemoração para os amantes dos automóveis, que têm no dia 29 de janeiro de 1886 uma data especial. Há exatos 125 anos, na cidade alemã de Mannheim, Karl Benz entrou com pedido de registro de patente do Patent-Motorwagen, ou carro a motor patenteado, o primeiro veículo pensado desde o início como um automóvel. Algo inédito em uma época em que os veículos a motor eram basicamente carroças adaptadas à nova forma de propulsão.



O pedido de patente de número 37435 era justificado pelas inovações. A estrutura em veículos era feita em tubos de aço, enquanto os painéis eram em madeira. As rodas tinham aros de ferro e pneus de borracha sólida —pneu foi inventado pelo escocês John Dunlop em 1884 e os pneumáticos infláveis só apareceriam em 1895. Não havia volante: a roda dianteira era movida por meio de uma manivela, como nas válvulas de pressão. Já a suspensão traseira era por eixo rígido com molas elípticas.

PACIÊNCIA O motor traseiro era monocilíndrico de quatro tempos, como os atuais. A cilindrada de 954cm³ permitiu 1,6cv de potência a 250rpm, regime baixo explicado pelo nível ainda rudimentar dos motores a combustão. A unidade pesava cerca de 100kg. A tração final era por corrente. José Luiz Vieira, em seu livro História do automóvel, diz que o primeiro passeio ocorreu apenas em 3 de julho de 1886, quando o triciclo atingiu 14km/h. O atraso foi ditado por modificações no segundo exemplar, que ganhou manejo mais seguro. Nas versões seguintes, a velocidade máxima chegou aos 16km/h. Pouco menos do que a velocidade de uma bicicleta, mas o suficiente para o espanto das testemunhas.

Sucesso técnico, mas não de mercado: nenhuma unidade foi vendida inicialmente, nem com reportagens ou caronas. Bertha Benz, mulher de Karl e financiadora dos projetos, foi também a primeira pessoa a fazer uma viagem num automóvel. Em julho de 1888, Bertha pegou o terceiro triciclo feito e partiu com os filhos de 13 e 15 anos em direção a Pforzheim, terra dos seus pais, a 106 quilômetros de Mahhhein.
Motor de quase um litro gera menos de 2cv, o suficiente para ir aos 16km/h

(Mercedes-Benz-Divulgação) Motor de quase um litro gera menos de 2cv, o suficiente para ir aos 16km/h


De acordo com historiadores, o passeio serviria para exibir a invenção e também reafirmar ao marido, que andava deprimido, as perspectivas do projeto. Foi uma jornada cansativa, já que o carro não tinha marchas e, por isso, exigia um empurrãozinho em subidas. Além dos enguiços. Em um desses, a tubulação de combustível foi desentupida com uma presilha de cabelo. Apesar da estrutura inexistente: gasolina se vendia nas farmácias, como produto de limpeza ou solvente. O passeio de Bertha, que também serviu como teste, ficou tão famoso que hoje em dia o percurso é refeito a cada dois anos em um desfile de carros clássicos. A própria rota virou circuito histórico. A publicidade abriu portas para o debute comercial do carro na Feira Mundial de Paris, em 1899, que ficou famosa pela construção da Torre Eiffel. Ainda assim foram feitos apenas 25 carros até 1893.

LEGADO Depois de criar sua própria fábrica, Benz (que inventaria ainda o caminhão e o ônibus) atingiu o sucesso. Em 1899, 572 automóveis foram produzidos, o que a tornava a maior companhia do mundo. O entusiasmo arrefeceu com os reflexos da Primeira Guerra Mundial, golpe duro para a Alemanha, e, em 1923, diante da crise, a Benz se juntou à Daimler para sobreviver. Criada pelo também inventor Gottlieb Daimler, que na época da criação do Patent-Motorwagen desenvolveu um carro de quatro rodas baseado sobre uma charrete, a empresa dá nome Daimler-Benz à união que produz desde 1926 os famosos Mercedes-Benz. Modelos sofisticados que têm raízes no Benz Patent-Wagen, que até hoje circula sem pressa sob a forma de réplicas fieis ao original. Até a chamada geração Y, de jovens nascidos a partir da década de 1970, tem a chance de experimentar virtualmente o carro no simulador Gran Turismo 4, da Poliphony, feito para o Sony Playstation 2.

O site http://www.joaodefreitas.com.br/primeiro-automovel.htm nos brindou com esta magnifica história!

3 comentários:

  1. Ele ia a "toda" a 16 km/h. Certamente não esgoelando o motor fraquinho deveria ter uma velocidade de cruzeiro muito menor. Pela foto dá para ver que era muito difícil de dirigir e muito fácil de se acidentar (até hoje triciclos são mais instáveis que duas ou quatro rodas). Ainda mais com este centro de gravidade muito elevado. O motor pesava mais que o tripulante. As rodas provavelmente não eram de borracha ainda, até porque as estradas eram para carroças mesmo.

    Engraçado estas crises quando normalmente este tipo de indústria lucra muito com as guerras ao venderem seus produtos para o governo.

    A reconstituição de cima, primeira foto, não mostra um aparelho que se encontra no pé direito da dama. Nem a última imagem o possui. Não sei se seria uma buzina de carroça. A geringonça era tão alta que precisava de ter um estribo de carroça para o usuário poder subir.

    Será que os filhos de Bertha Benz foram a cavalo ou em carroça acompanhando a mãe? Não parece ter lugar para três e mais bagagens. E a viagem deve ter levado mais de um dia, no mínimo.

    ResponderExcluir
  2. Estava vendo a miniatura do Benz Patent-Motorwagen e ele está com pneus de borracha.

    Outra dificuldade com a réplica é que fica difícil reproduzir em diecast a delicadeza da estrutura natural, pela diferença de resistência entre os dois materiais.

    Acho que a foto do meio é de Bertha Benz mesmo. Se não é, é muito parecida.

    No princípio de Agosto de 1888, Bertha Benz, com 38 anos, junto com os seus filhos Eugen e Richard (14 e 15 anos), fez o percurso de Mannheim para Pforzheim, sem o conhecimento do marido, num dos automóveis recentemente construídos, o Benz Patent-Motorwagen Nr. 3. Com o feito, ela tornou-se a primeira pessoa a fazer de automóvel uma viagem de longa distância, percorrendo 104 km (64 milhas). Os trajetos feitos anteriormente tinham sido curtos, tratando-se apenas de experiências com mecânicos assistentes.

    Apesar de Bertha Benz ter manifestado como objetivo da viagem, fazer uma visita à mãe, ela tinha outra idéia em mente. Ela pretendia demonstrar ao marido que o automóvel poderia se tornar um êxito financeiro, uma vez mostrada a sua utilização ao mundo inteiro. Na sua opinião, o marido na tinha comercializado a invenção adequadamente.

    Durante o trajeto Bertha viu-se confrontada com vários problemas. Em Wiesloch, alguns quilômetros ao sul de Heidelberg, Bertha e seus dois filhos ficaram sem combustível. Como resultado, os três corajosos Automobilistas compraram na Farmácia Wiesloch, um detergente usado como combustível na época, ligroina. Assim, a farmácia em Wiesloch se tornou a primeira estação de enchimento do mundo - e você pode visitá-lo, porque ainda hoje existe.

    Usando um dos ganchos compridos de cabelo, Grampo, Bertha Benz limpou o tubo do combustível, que estava obstruído e com uma liga das meias ela conseguiu isolar um fio da partida.

    Bertha e os filhos deixaram Mannheim de madrugada e chegaram em Pforzheim ao anoitecer. Eles apressaram-se a comunicar o sucesso da viagem via telegrama a Carl Benz e fizeram a viagem de regresso a Mannheim, 3 dias mais tarde, por outra rota. Em sua viagem de retorno, ela teve os freios do Motorwagen corrigidos na Bauschlott, ao norte de Pforzheim. O sapateiro local pregou couro novo sobre os blocos de freio.

    As pessoas assustavam-se à passagem do automóvel e a viagem recebeu imensa publicidade, como Bertha Benz tinha previsto. O relato da viagem e a publicidade foram muito úteis para os negócios de Carl Benz. Melhoramentos úteis puderam ser feitos com base nas sugestões da esposa, como a introdução de uma mudança adicional para as subidas.

    A via autêntica percorrida por Bertha Benz, Bertha Benz Memorial Route, não só faz as ligações locais de origem quase esquecidas que ela passou em seu caminho, ela também leva a uma das regiões de férias mais bonitas da Alemanha, com destaques como cenários românticos e cidades históricas do país.

    (Nafta ou ligroína, solvente e matéria-prima na indústria petroquímica.)

    ResponderExcluir
  3. Em 1839, Goodyear introduziu a roda de borracha maciça, utilizada nas carruagens mais finas para atenuar as sacudidelas nos caminhos mais irregulares. No dia 10 de dezembro de 1845, o engenheiro londrino Robert Thompson registrou a patente de uma invenção que revolucionaria os transportes: a roda pneumática. Mas sua patente não ficou conhecida.

    Em fins do séc. XIX, o veterinário escocês John Boyd Dunlop teve a mesma ideia e "reinventou" o pneu de Thompson. Inventou a roda pneumática para as bicicletas, e os irmãos Michelin a correspondente para os automóveis.

    Portanto, o uso de borracha dura em aros já era conhecido.

    ResponderExcluir