segunda-feira, 2 de maio de 2011

História da Mini

No mundo dos automóveis, os fabricantes tendem a desenvolver um modelo de carro e depois fazê-lo evoluir, reinventando-o depois de alguns anos para refletir as necessidades de mudanças e desejos do mercado consumidor. Em alguns casos, um projeto de modelo de carro segue adiante de forma que permanece relativamente intocado por décadas. Esse carro pode abarcar uma legião fiel de fãs e entusiastas, cuja paixão pelo modelo pode parecer, para quem vê de fora, ir bem além das qualidades do próprio carro. Mas os fãs sabem que estão apostando certo.  

Na Inglaterra, o Mini é um desses carros. Assim como aconteceu com o Volkswagen Fusca, o design do Mini teve poucas mudanças em todos os 40 anos nos quais esteve em produção. Depois, em 2000, o Mini se transformou no MINI Cooper, um carro que prometia seguir os passos do Mini original. Neste artigo, examinaremos a história dessa notável pequena máquina. Vamos ver como o MINI foi evoluindo em uma série de pequenas mudanças e algumas grandes transformações, e também analisaremos a cultura que surgiu em torno desse carro. 

A história do Mini começa em 1957, quando Leonard Lord, presidente da British Motor Corporation (BMC), decidiu desenvolver um carro pequeno confiável e eficiente para os consumidores. Naquela época, a Inglaterra estava no meio de uma crise de petróleo e carros econômicos eram uma necessidade. A maioria desses carros tinha motores abaixo de 700 cm3 (centímetros cúbicos) e eram chamados de microcarros (também conhecidos como "bubble cars" ou "carros-bolha"). A maior parte foi produzida na Alemanha, e eles normalmente eram difíceis e perigosos de dirigir. Lord deu ao projetista de automóveis Alec Issigonis a tarefa de criar um carro inglês que coubesse em uma caixa de aproximadamente 3 m de comprimento, por 1,2 m de largura e 1,2 m de altura. Além disso, o espaço para passageiros no carro tinha que englobar 60 % do comprimento do veículo.

O projeto do conceito do primeiro Mini Cooper
Direito autoral da foto de 2002 a 2007: Keith Adams
O desenho do conceito do primeiro Mini  


O Mini Cooper de 1959
Direito autoral da foto de 2002 a 2007: Keith Adams
 O Mini de 1959 
 
Issigonis e sua equipe partiram do conceito à produção em dois anos, um ciclo de desenvolvimento incrivelmente curto para um carro totalmente novo. O segredo do tamanho do Mini era uma revolucionária disposição de motor. Issigonis decidiu criar um motor de montagem transversal, o que significa que ele projetou o carro de modo que o motor fosse montado de lado. Além disso ele colocou o motor na frente do carro, próximo às duas rodas dianteiras, que também eram as de tração. O peso adicional da frente do Mini deu ao carro mais estabilidade em curvas estreitas. O desenho de motor que ocupava pouco espaço permitiu que Issigonis criasse um compartimento de passageiros com mais espaço do que o previsto para um carro tão pequeno. A impressão que dá é que ele era maior por dentro do que visto de fora.
O pequeno carro também possuía um velocímetro (em inglês) central, rodas pequenas (posicionadas nos cantos do veículo, dando a ele um "ar de buldogue") e poucos acessórios. Leonard Lord viu a segunda geração de protótipos e decidiu produzir o Mini em larga escala. Em agosto de 1959, os primeiros Minis saíram das linhas de montagem e caíram nas mãos dos motoristas britânicos. 

Em 1961, um construtor de carros de corrida chamado John Cooper se aproximou da BMC com a intenção de alterar o Mini para transformá-lo em um carro de corrida viável. Issigonis se opôs, pois achava que o Mini deveria ser um carro para todos. Cooper decidiu passar por cima de Issigonis e recebeu a bênção da BMC. O resultado da parceria foi o primeiro Mini Cooper, um carro que venceu diversas corridas, incluindo três vitórias no rali de Monte Carlo. Em 1963, Cooper fez mais alterações no desenho do motor e na carroceria. Ele chamou sua versão potenciada de Mini Cooper S. 


O Mini Cooper de 1961
Direito autoral da foto de 2002 a 2007: Keith Adams
 O Mini Cooper de 1961
 
A BMC começou a vender os Minis no mercado norte-americano em 1960. Entre 1960 e 1967, aproximadamente 10 mil Minis foram vendidos nos EUA. Embora a BMC fosse encorajada pela resposta dos consumidores, os padrões de emissões que surgiram forçaram a empresa a parar com as exportações. A BMC concluiu que o custo de alteração do motor do Mini era muito grande, e disso resultou que os Estados Unidos não veriam um novo Mini disponível para compra até 2002. 

A evolução do MINI


Com o passar dos anos, a estrutura corporativa da BMC mudou muitas vezes. Até mesmo o governo britânico operou a companhia por vários anos, com um prejuízo considerável. Apesar das alterações na estrutura corporativa, o Mini não mudou muito. Pequenos ajustes mecânicos foram feitos de um ano para outro, mas no geral, um Mini de 1959 era praticamente idêntico a um fabricado em 1999. Isso era, em parte, em razão do ótimo projeto básico e, em parte, pelo simples fato de que a BMC (e a sucessão de outras empresas em que ela se transformou) tinham outras coisas com as quais se preocupar além de projetar um carro pequeno.
Em 1994, a BMW comprou o Grupo Rover, empresa que até então produzia o Mini. A BMW reconheceu o impacto do Mini original e planejou reinventá-lo por completo. Em 2000, a produção do modelo original do Mini chegou ao fim. Naquela época, mais de 5 milhões de Minis haviam sido produzidos e vendidos. Uma equipe de jurados composta de 100 especialistas da indústria automobilística elegeu o Mini o carro mais importante do século 20. Embora o Mini fosse raramente visto nos Estados Unidos, na Europa ele ajudou a definir projetos tanto para carros quanto para ruas de cidades. O carro que simbolizou a indústria automobilística inglesa por 40 anos chegava ao fim da linha. 

A BMW revelou o conceito do novo MINI Cooper no Salão do Automóvel de Paris de 2000. O novo veículo era 60 centímetros mais longo e 30 cm mais largo que o modelo original. Os novos MINI Coopers vinham com várias características novas e diversos itens opcionais. Alguns entusiastas mais radicais do Mini acharam que os novos MINI Coopers eram de uma linhagem completamente diferente, que abandonara muitas das concepções da filosofia do projeto de Issigonis. Outros acharam que o novo MINI Cooper era o descendente lógico do conceito original. 

O novo MINI Cooper ainda tinha o ar de buldogue, com as quatro rodas nos cantos do veículo. Ele ainda utilizava a tração dianteira, e os motoristas rapidamente comentaram sobre a extraordinária estabilidade do pequeno carro. O velocímetro central lembrava parte do desenho clássico do interior. A BMW apostou que o novo estilo atrairia tanto os fãs do Mini clássico quanto motoristas que nunca haviam sentado atrás do volante de um predecessor do MINI Cooper. A aposta seria ganha: as vendas do MINI Cooper rapidamente ultrapassariam as projeções mais otimistas da BMW. 

O MINI Cooper causou um grande impacto no mercado norte-americano em um curto espaço de tempo, cativando, da mesma forma, celebridades e a classe média. Toda a cultura de personalização do MINI Cooper vingou na comunidade automobilística, encorajada pela BMW por meio das numerosas opções personalizadas e kits para os carros. O visual retrô do carro, o surpreendente desempenho, a direção precisa e um método inovador de personalização convenceram os motoristas americanos de que ele é o carro pequeno do futuro. 

Nas próximas páginas, analisaremos as duas gerações de desenho do MINI Cooper, de 2002 a 2007. Também verificaremos os principais recursos de projeto e de engenharia de cada geração, mudanças significativas do MINI Cooper em cada modelo do ano, a confiabilidade do carro e todos os recalls de segurança.

A BMW apresentou dois modelos de MINI Cooper ao mercado norte-americano em 2002: o MINI Cooper e o MINI Cooper S. Ambos são modelos hatch de duas portas, inspirados nos clássicos carros Mini produzidos na Inglaterra, de 1959 a 1999. Ambos eram 46 cm menores e 181 kg mais leves que o Volkswagen New Beetle. A BMW ofereceu diversas opções de cores da carroceria, com uma alternativa de cor de teto opcional (a mesma cor do restante da carroceria, branca ou preta - teto branco era o padrão para a antiga linha Mini). Ambos os modelos também traziam o velocímetro central, herdado do modelo Mini original. 
A primeira geração do MINI Cooper tinha motor 1.6 de quatro cilindros com 115 cv. Transmissão manual de cinco marchas era padrão, mas havia a opção de câmbio CVT (transmissão continuamente variável com a característica de ter seis marchas virtuais. O MINI Cooper S tinha motor mais potente, de 168 cv, e o câmbio de série era manual de seis marchas. 

O MINI Cooper tinha 362,7 cm de comprimento, 19,8 cm de largura e 139.7cm de altura, com distância entre eixos de 246,6 cm. O carro acomodava quatro pessoas, e os bancos traseiros podam ser dobrados individualmente para mais espaço de carga. Ele possuía freios a disco, com sistema antitravamento (ABS), seis airbags, monitor de pressão dos pneus e abertura de portas à distância. O Cooper trazia também suspensão esportiva, a qual pressionava as rodas contra o solo para aumentar a aderência dos pneus à pista. 

O Cooper S possuía recursos semelhantes, embora sua suspensão fosse aprimorada, com grossas barras estabilizadoras. O Cooper S também trazia uma entrada de ar funcional no capô e pneus "run-flat" (que rodam mesmo vazios) em rodas de 16 polegadas (o modelo MINI Cooper vem com pneus de 15 polegadas). Ambos os modelos tinham, de série, ar-condicionado, vidros elétricos e CD player. Os opcionais para ambos os modelos ieram controle antiderrapagem, sistema de navegação, sensores de estacionamento traseiros, teto solar, assentos com aquecimento e faróis Xenon. 


Um MINI Cooper com o desenho da bandeira da Inglaterra no teto
Foto e cópia: Rob Britton
MINI Cooper com o desenho da bandeira da Inglaterra
 
O MINI Cooper seguiu a filosofia de seu predecessor de continuar relativamente sem alterações de um ano para outro. Em 2003, a BMW ofereceu novos pacotes de opcionais para o MINI Cooper e o MINI Cooper S. Um pacote esportivo incluía opções como o sistema antiderrapagem e aumentava o tamanho da roda do modelo (17 poegadas para o Cooper S ou 16 polegadas para o Cooper). Os revendedores poderiam oferecer diferentes desenhos de teto para customizar os carros. Os desenhos incluíam a bandeira da Inglaterra, a bandeira dos EUA ou um padrão quadriculado. A BMW modernizou o tocador de CD para incluir uma entrada para MP3 player. 

No final de 2003, a John Cooper Works ofereceu um kit de preparação para o MINI Cooper S. Esse kit poderia aumentar o motor para impressionantes 200 cv. O kit incluía:
  • compressor;
  • novas velas de ignição e injetores projetados para trabalhar com maior fluxo de combustível;
  • novo cabeçote com dutos de admissão e de escapamento de precisão;
  • filtro de ar com uma segunda válvula de admissão de ar que abria durante a aceleração a 4.500 rpm (melhorando o desempenho e fazendo o MINI berrar);
  • emblemas esmaltados cromados - para avisar para todo mundo que o MINI estava pronto para sair rasgando.
O MINI Cooper de 2004 apresentava poucas mudanças em relação aos modelos anteriores. Como alguns motoristas diziam que era difícil ler o velocímetro central sem deixar de prestar atenção na rua, a BMW acrescentou um mostrador digital de velocidade abaixo do conta-giros. Uma tomada de energia traseira localizada no porta-malas do carro voltou em 2004 (o modelo 2002 também tinha uma, mas no modelo 2003 esse recurso havia sido retirado) como parte do equipamento de série do MINI. Banco esportivo opcional, com apoios laterais mais largos projetados para manter os motoristas no lugar enquanto faziam curvas fechadas em alta velocidade, tornou-se disponível em couro bege. 

Em 2005, a BMW ofereceu uma versão conversível para o MINI Cooper e para o MINI Cooper S. Ambos traziam capota elétrica com vidro desembaçador traseiro. Vinham com sensores de estacionamento traseiros e airbags frontais. Eles eram ligeiramente mais compridos,  estreitos e altos que os modelos hatchback. Todos os modelos MINI Cooper receberam pequenas mudanças no desenho dos faróis, na grade e nas luzes traseiras. Novamente, as alterações no modelo MINI Cooper continuaram a ser pequenas. 


O MINI Cooper 2006 com Pacote Checkmate
Imagem de domínio público/fotógrafo Poca-traca
O MINI Cooper 2006 com Pacote Checkmate
 
O MINI Cooper 2006 era quase idêntico aos modelos anteriores. Uma nova opção era o Pacote Checkmate, que incluía sistema antiderrapagem, rodas mais largas, bancos esportivos e revestimento de desenhos em preto e branco. 

Os MINI Coopers 2007 são os primeiros modelos da segunda geração dos veículos MINI. Os modelos 2007 são ligeiramente maiores e mais potentes do que os da geração anterior, exceto pelo MINI Cooper Conversível, que ainda utiliza o design da geração 2002-2006. Os motoristas podem esperar novos conversíveis com a tecnologia do cupê 2007 em 2008. 

O motor do Cooper agora tem 118 cv, e o motor do MINI Cooper S é equipado com motor turbo de 172 cv. O MINI Cooper Conversível e o Cooper S Conversível possuem 115 cv e 168 cv respectivamente. Com exceção do Cooper Conversível básico, todos os modelos têm câmbio manual de seis marchas de série. Uma transmissão automática de 6 velocidades é opcional, substituindo a CVT. O conversível básico ainda tem caixa manual de 5 marchas de série ou o câmbio CVT, opcional. 


O MINI Cooper 2007
Photo BMG AG, München, Deutschland. Todos os direitos reservados.
O MINI Cooper 2007
São oferecidos vários novos pacotes para os modelos 2007. 

  • Pacote Premium - inclui ar-condicionado com controle automático de temperatura, controle de velocidade
  • Pacote Esportivo - inclui sistema antiderrapagem, pneus maiores, faróis de neblina e outros opcionais.
  • Pacote Hiperesportivo - inclui uma suspensão esportiva avançada com grossas barras estabilizadoras e torna o visual do MINI mais aerodinâmico.
  • Pacote Conveniência - inclui controle universal de abertura de portão de garagem, espelho retrovisor dia/noite automático, limpador de pára-brisas com sensor de chuva e outros opcionais.
  • Pacote de Inverno - inclui bancos dianteiros aquecidos, lavador de pára-brisa come água quente e espelhos aquecidos.
  • Pacote Áudio - inclui um sistema de som mais moderno, rádio HD - digital e analógico (em inglês) e assinatura de rádio via satélite.
  • Kit JCW Tuning - exclusivo para o MINI Cooper S Conversível. Esse pacote aumenta a potência do motor para 207 cv e inclui um diferencial autobloqueante e outros opcionais.
  • Pacote Sidewalk - exclusivo para o MINI Cooper S Conversível. Inclui as opções do Pacote Premium, bem como rodas de liga leve e decoração interna e externa exclusivas.

O
Foto 2002 BMG AG, München, Deutschland. Todos os direitos reservados.
O MINI Cooper conversível 2007 com o Pacote Sidewalk 
 
A customização atinge um novo nível com os modelos 2007. Os proprietários podem escolher, a partir de um arquivo gráfico, os desenhos no teto, as faixas da carroceria, as maçanetas de porta, os espelhos retrovisores, entre outros. Outras opções incluem racks de bicicleta e para bagagem, assentos aquecidos, sensores de chuva e várias outras peças e acessórios. O site MINI USA oferece o recurso "Projete e Construa seu próprio MINI", com mais de 10 milhões de configurações. 

O Mini em filme.

Em 1969, Peter Collinson dirigiu um filme chamado "Golpe à italiana". O filme apresentava Michael Caine como a estrela, mas alguns dizem que as verdadeiras celebridades do filme eram os Minis vermelhos, brancos e azuis usados como veículos de fuga. Os carros queimavam os pneus em múltiplas acrobacias e seqüências de perseguição. Em 2003, F. Gary Gray dirigiu o remake de "Golpe à italiana". Quando chegou a hora de selecionar os veículos de fuga para o novo filme, Gray escolheu o novo MINI Cooper 2003 da BMW como uma homenagem ao filme original. Ambos os filmes ajudaram a aumentar a popularidade do Cooper.

O futuro/presente
Um conceito extraído do MINI Cooper Clubman de cinco portas
Foto e cópia 2002: BMG AG, München, Deutschland. Todos os direitos reservados.
Um desenho do conceito do MINI Cooper Clubman

Texto retirado do site: How Stuff Works, ótimo site por sinal!

3 comentários:

  1. Os chineses estão lançando no Brasil uma imitação do MINI, o Lifan 320, baratos pelo que oferecem. Os carros MINI Cooper que chegam no Brasil são caros, assim como o relançamento do Fiat Cinquecento. Eles eram carros populares no início e hoje são carros muito caros perto das outras opções. Os MINI Cooper possui enúmeras réplicas, e o Fiat também, mas o Lifan ainda não.

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  2. Cara, já vi esse Lifan320 de perto... é feio pra caramba!

    Não sei se é só comigo, é que de sopetão, ele até lembra um Mini, mas não dá para confundir não, é o chinês. Na verdade esse chinês, para mim, repito, parece uma caricatura do Mini.

    Já vi também o Lifan 620, é aquele que tem frente de Santana, traseira de Mercedes e interior de Toyota, como os sites falam... mas na verdade ele é do tamanho de um Siena... é que ele é pequeno...

    Vi também esse J3 da JAC, parece uma cruza de Punto com Gol e com a traseira estreita, detalhe, ao abrir as portas as maçanetas me pareceram um tanto molengas...

    Quanto aos Mini e 500 é claro que são outros carros e visam outro público. Hoje esses carros existem para quem quer mostrar status, já na época dos originais, eram carros para quem queria um automóvel, no nível do fusca e do citroen 2cv.

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  3. Eu acho que eles usaram o mesmo conceito dos MINI. Até as pinturas tentam lembrar os originais. A questão é: e a assistência técnica. O estoque de peças, pifar onde não tem concessionária. Isto se o produto não for uma bomba em si.

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