segunda-feira, 4 de julho de 2011

História da Morgan

A imutável esportividade da Morgan
reportagem tirada do excelente site http://www.uol.com.br/bestcars

Morgan 4-4 Roadster 1989
Desde 1936 a Morgan fabrica na Inglaterra
modelos com o mesmo estilo clássico
Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação
A fábrica de carros Morgan foi fundada em 1909 por Henry Frederick Stanley Morgan em uma pequena oficina em Malvern, no condado de Worchestershire, na Inglaterra. Começou construindo carros de três rodas e tornou-se muito famosa por isso. O engenho era muito interessante e não passava despercebido pelas ruas do princípio do século XX. O motor era bicilíndrico em V, refrigerado a ar, com as rodas dianteiras direcionais e a traseira motriz. Vários disputaram corridas e bateram recordes chegando a até 160 km/h.
O Super Sports de 1937: um dos triciclos da Morgan, com motor V2 refrigerado a ar
Houve até um modelo de quatro lugares, o Family, que fez bastante sucesso. O rompimento com a tradição dos three-wheelers deu-se, segundo histórias, a contragosto, em 1936 -- mas eles só deixaram de ser produzidos em 1952. Naquele ano carros-esporte tipicamente britânicos, de quatro rodas, começaram a ser produzidos. O primeiro foi o roadster Morgan 4/4 (quatro rodas e quatro cilindros), um conversível de dois lugares e apelo esportivo.

Pneus de pequena espessura e rodas raiadas faziam parte do estilo harmonioso, assim como pára-lamas curvos e portas pequenas -- no princípio com dobradiças rústicas e fechaduras simples. Dois faróis redondos ladeavam a grade do radiador plano e no topo desta a tampa cromada, para reabastecimento de água, se destacava. Havia também um pequeno farol à frente da grade. O capô, de abertura bipartida, tinha aletas superiores e laterais para refrigeração do motor de quatro cilindros e 1.120 cm3.
O modelo 4/4, de quatro rodas e quatro cilindros, de 1937: o estilo pouco mudou desde então
Após a Segunda Guerra Mundial veio a primeira modificação mecânica. O Plus Four, lançado em 1950, tinha novo propulsor, o Standard Vanguard de 2.088 cm3 e 68 cv. Com apenas 760 kg, seu desempenho era muito bom, mas não era muito estável e quem gostava de treinar a habilidade com a tração traseira não se decepcionava. Sua velocidade final estava por volta de 150 km/h e as vitórias em ralis na Inglaterra começavam a aparecer. Em 1953 era equipado com motor de Triumph TR2, de 1.991 cm3.

Em 1955 a primeira mudança no estilo no 4/4: a grade do radiador passava a ser curva, estufada para a frente, substituindo a flat rad para melhorar a "aerodinâmica"... Essa característica permanece até hoje. Também nesse ano era lançado o 4/4 Tourer, oferecido com dois ou quatro lugares -- lógico que os de trás não eram muito confortáveis.
O Plus Four Roadster foi o primeiro lançamento após a Segunda Guerra. Este é um modelo 1963, com motor Triumph e a típica cinta de couro prendendo o capô
Um ano depois a Ford inglesa fornecia os motores 116E e 122E. O primeiro tinha 1.490 cm3, 65 cv a 4.600 rpm e comando de válvulas no bloco, com um carburador Zenith invertido. O pequeno esportivo de apenas 673 kg chegava a 145 km/h. O motor 122E equipava a versão Competition: tinha carburador duplo Weber, 85 cv e velocidade máxima de 160 km/h. Em 1961 eram oferecidos motor Ford de 1.340 cm3 e freios dianteiros a disco.

Em 1962 o Plus Four recebia o motor do Triumph TR4. Com 2,1 litros, carburador duplo Stromberg, 105 cv e câmbio de quatro marchas, chegava a 175 km/h. Vendido nas versões cupê e roadster, pesava 840 kg e seus pára-lamas já eram alongados, além de ter estribos. No ano seguinte o 4/4 chegava à série 5, com motores do Ford Cortina em versões de 65 e 84 cv, ambos de 1,5 litro.
A estrutura da carroceria em madeira permaneceu durante todas estas décadas, apesar das numerosas mudanças de motor e aperfeiçoamentos mecânicos. Este 4/4 é de 1969
Era lançado também o cupê Plus Four Plus. O esportivo fechado tinha capô longo e traseira curta, carroceria em fibra-de-vidro e comprimento de 3,89 metros. As rodas raiadas de 15 pol tinham "cubo rápido" e o peso era de 830 kg. Este modelo foi considerado muito moderno pelos amantes da tradicional marca e logo descontinuado.

Em 1968 chegava o modelo que seria o maior sucesso da fábrica: o Plus Eight. O motor de oito cilindros em V da Rover inglesa, derivado do Buick 1961, tinha 160 cv de potência e generosos 3.520 cm3. A caixa de quatro marchas era da marca Moss. O pequeno dragster arrancava bem, deixando marcas pretas de pneus no asfalto, e chegava a 210 km/h segundo o construtor. Mas a direção era dura e pouco precisa, e a suspensão muito firme transmitia as irregularidades do solo para os ocupantes. Com o passar do tempo estes problemas, irrelevantes para os mais apaixonados, foram amenizados.
O Plus Eight (aqui um de 1982) foi o maior sucesso da marca, com o potente motor V8 da Rover de 3,5 litros e 160 cv. Apesar da suspensão e direção precárias, acelerava muito bem e chegava a 210 km/h!
Sua carroceria era baseada no Plus Four, só que mais larga e longa. As rodas eram em liga leve de 15 pol e um dos charmes do modelo era a correia que prendia o capô do motor. Como opção podia vir com bagageiro cromado preso na estrutura que prendia o estepe e este, por sua vez, no diminuto porta-malas. Por dentro, o painel de madeira acomodava instrumentação farta e de bom tamanho -- nenhum motorista que sofresse da vista reclamava. Pouco à esquerda do centro do volante estava o conta-giros com faixa vermelha a 5.000 rpm; o velocímetro ficava quase nos olhos do passageiro. Os bancos estavam longe de ser confortáveis e eram justos também em tamanho. Com o pára-brisa baixo, podia-se sentir bem o vento no rosto. A capota necessitava de paciência e raciocínio para ser montada.

Em 1973 a caixa Moss era substituída pela Rover, muito mais rápida e precisa. O roadster também ganhava em largura e comprimento. Três anos depois passava a contar com quinta marcha, novo painel, novas rodas em liga e ficava maior e mais largo. Em 1977, como opcional, o cliente podia optar por uma carroceria em alumínio, mas sua estrutura sempre foi feita de madeira.
Mesmo com a chegada do moderno Aero 8, o Plus Eight -- este é um 1994 -- permanece disponível sob encomenda. E tem lista de espera
Até 1987 Peter Morgan, filho do fundador, continuava na direção da fábrica. Nesse ano foram produzidas 409 unidades. O Plus Four voltava a ser produzido em 1989, com o motor do Rover 820. O Plus Eight já podia vir com injeção eletrônica Bosch LH-Jetronic, suspensões mais modernas, rodas de 15 pol e motor Rover V8 de 4,5 litros e 223 cv. Mesmo com a "revolução" do lançamento em 2000 do Aero 8, com motor BMW V8 e carroceria inteiramente modificada, o Plus Eight é ainda fabricado para atender a encomendas -- sempre com fila de espera.

Nas décadas de 60 e 70, vários construtores artesanais fizeram réplicas de carros antigos. A Morgan era a única que fabricava -- e o faz até hoje -- um autêntico carro antigo com componentes atuais.

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