Ass. Paulo Sípoli
O Vigilante Rodoviário começou em Santos
Filme piloto da série foi rodado em 1959
Lobo, em pé, em cena do filme "O Roubo do Diamante Gran Mongol"
Foto: reprodução, in site Vigilante Rodoviário
Foto atual de Carlos Miranda, a caráter, em recente exposição em São Paulo Foto: reprodução, publicada com a matéria Resgatamos a história do Vigilante Rodoviário Para quem era jovem nos anos 60, o Inspetor Carlos e seu amigo Lobo foram companheiros inseparáveis de muitas aventuras Presidente do Fã-Clube Vigilante Rodoviário Desde a implantação da televisão no Brasil, em 50, até o final daquela década, só eram exibidos filmes estrangeiros. Mas, em 58, um grupo de idealistas do nosso cinema decidiu criar uma série nacional, escrita, interpretada e dirigida por artistas e técnicos brasileiros. Seriado - Assim nasceu - inspirado na Polícia Rodoviária, criada em 48 no Estado de São Paulo - o primeiro seriado para TV da América Latina: "O Vigilante Rodoviário". Como o policial da história precisaria de um companheiro, foi incorporado ao scriptoutro personagem, o pastor alemão Lobo, amigo de aventuras do Inspetor Carlos, uma dupla unida na luta contra o crime e a injustiça, utilizando um Simca Chambord e uma moto Harley Davidson. A dupla era bastante simpática à população, inspirando proteção e segurança, além de veicular mensagens educativas. Objetivo - A idéia era realizar 39 filmes, pois quando se vende um seriado anual para a TV (52 semanas) pode-se exibir, por exemplo, 39 episódios com 13 reprises ou 26 episódios com 26 reprises. Desse modo, resolveram produzir um episódio-piloto, que daria uma visão global aos eventuais anunciantes, chamado "O Roubo do Diamante Gran Mongol", realizado em Santos, em 59. O carro-patrulha foi um dos primeiros Simca feitos no Brasil, em CKD (N.E.: sigla para veículos recebidos em partes marcadas, prontas para montagem pela indústria montadora), pois a empresa começou a fabricar o Chambord em março de 59. Estréia - A série foi ao ar em março de 61, na TV Tupi, todas as quartas-feiras às 20 horas, após o lendário telejornal "Repórter Esso", quando já estavam prontos 10 episódios. No Rio de Janeiro, "O Vigilante Rodoviário" era exibido às quintas-feiras, pois, dadas as dificuldades da época, era necessário levar o filme a cada emissora para que fosse transmitido. Assim era a televisão antes do vídeo-tape... Apesar das dificuldades, a popularidade superou as expectativas, e logo o seriado se transformou em líder de audiência, alcançando 92% em São Paulo e 100% no Norte e Nordeste. Cinema - Verdade seja dita: naquela época nem 40% das casas tinham aparelhos de TV, mas havia muitos "televizinhos". Por causa das poucas TVs (comparadas a hoje) existentes no País, a alternativa para conquistar outro público foi investir no cinema. Assim, em 62 a série chegou aos cinemas, com "O Vigilante contra o crime" e, dois anos depois, com "O Vigilante em missão secreta". Dos 39 episódios para a TV, 38 foram filmados e, entre os atores lançados pelo seriado, estão nomes conhecidos no Brasil, como Ary Fontoura, Ary Toledo, Juca Chaves, Fúlvio Stefanini, Milton Gonçalves, Rosa Maria Murtinho e Stênio Garcia, entre outros. Cores marcantes - De qualquer modo, a imagem do carro do vigilante, com sua pintura preta e amarela, estava consolidada, apesar dos problemas crônicos dos primeiros Chambord como superaquecimento, embreagem fraca e falta de torque em baixas rotações. Apesar dos Simca contarem com pequeno motor derivado do Ford 8BA - o V8 Aquilon de 2.351 cm³ desenvolvia apenas 88 cavalos a 4.800 rpm -, a idéia de velocidade inspirada pela televisão "vendia" muito bem o Chambord, cuja máxima não ultrapassava os comportados 135 km/h. Problemas - Isso poderia ser um problema para policiais que tivessem de perseguir na estrada veículos roubados, mesmo sedans familiares como Impala e Fairlane, que na época existiam aqui aos montes. Se o confronto fosse com um Jaguar XK 120 ou Chevrolet, a coisa tomava ares de piada... Felizmente, a Polícia Rodoviária nunca usou carros Simca nesse serviço. Hoje, muitas pessoas podem ver o "Simca do Vigilante" em feiras e exposições, mas não há a certeza de que este carro é um dos dois originais do filme (durante a restauração, foram encontrados vestígios de pintura amarela e preta). Fã - Por isso, o modelo 59 do acervo do Clube de Carros Antigos de Taubaté é preservado por Carlos Alexandre de Almeida, fã do seriado, e sempre está em exposições. Se o leitor estiver interessado no Fã Clube Vigilante Rodoviário, entre em contato pelo telefone 011-5071.0189. O mais curioso, é que a Simca do Brasil nunca pagou um único centavo pelomerchandising de sua marca na série que, sem dúvida, deve ter alavancado muitas vendas para os problemáticos Chambord, que seriam bastante apreciados pelos bandidos dos anos 50 e 60 se quem os estivesse usando fosse a polícia, é claro... Esta matéria foi cedida pela revista Auto & Técnica. Cartaz de divulgação de um dos filmes Foto: reprodução Paulistano da Moóca, Carlos Miranda começou sua carreira na Cia. Cinematográfica Maristela, aos 16 anos, como office-boy e, entre 1952 e 55, passou a "atuar" como ajudante e motorista de caminhão, fazendo várias vezes a rota São Paulo-Curitiba quando ainda não existia a BR-116. Depois, entrou de fato no mundo do cinema, tornando-se assistente de produção, contra-regra, diretor de produção, gerente de estúdios e ator, além de produzir filmes e comerciais, participando dos antológicos "Cangaceiro Sanguinário", "Até o Último Mercenário" e "Independência ou Morte". Destino - Após dedicar-se ao "Vigilante Rodoviário", fez advocacia e, depois de três anos de estudo, abandonou o curso para, em 65, ingressar na Polícia Rodoviária Militar do Estado de São Paulo, ficando na seção de Relações Públicas até meados de 88, indo para a reserva como tenente-coronel, num exemplo curioso da "vida que imita a arte". Carlos hoje mora em Itanhaém, e seus olhos brilham quando fala do "Vigilante Rodoviário" e, principalmente, do amigo Lobo. Imagem: captura de tela - arquivo TV Globo - Rio de Janeiro/RJ Lobo, o pastor alemão, nasceu em 1955 e pertencia a Luís Afonso, soldado da extinta Força Pública. Dividia o estrelato no seriado com Carlos e já era famoso por ter sua figura usada no símbolo dos móveis de aço Fiel. Seu nome era King, mas mudou em função do seriado, no qual não poderia ter nome estrangeiro. Tinha quase cinco anos quando começou a trabalhar com Carlos, e a afinidade entre eles foi tão grande que passou a recusar-se a voltar para casa. Lobo era muito inteligente e fazia todas as cenas sem dublê; ao andar de Simca, tinha lugar cativo no banco da frente. Quem quisesse andar com eles, que ocupasse o banco traseiro... Fim da história - Lobo deixou muitos filhotes, mas não se sabe onde estão seus descendentes. Carlos lembra que em Rio Grande/RS, certa vez ele estava indócil e não queria trabalhar, e acabou cruzando com a cadela do zelador do Cine Glória. O fiel Lobo ficou até o fim de sua vida com Carlos e, alguns anos após o fim do seriado, saiu de casa e entrou no mato, como se previsse seu fim e não quisesse dar trabalho ao amigo Carlos, e foi encontrado sem vida. (N.E.: em abril de 2002, Luiz Celso Afonso, filho do dono de Lobo, relatou na Internet que o cão nasceu em abril de 1955 dentro do Parque Estoril em São Bernardo do Campo/SP. Em 1971, sofrendo em conseqüência de uma cirurgia mal sucedida e devido ao cansaço, saiu da casa de Luiz Celso e foi encontrado morto, perto do lixão da Vila Guilherme, na capital paulista). Vigilante Rodoviário, um sucesso na década de 1960 Imagem: captura de tela - arquivo TV Globo - Rio de Janeiro/RJ |
Imagens: captura de tela - arquivo TV Globo - Rio de Janeiro/RJ |
Cartaz de divulgação de um dos filmes
Foto: reprodução
Ah! Agora entendi porque arriscou um Sinca da NOREV para transformá-la em vigilante!!!
ResponderExcluirAgradecemos sua matéria referente a nossa série "O Vigilante Rodoviário®" e convidamos para acessar nosso site onde encontrará todoas as informações sobre nossa série pioneira.
ResponderExcluirAtt,
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