Ford Escort XR-3
Confira o teste publicado pela revista Autoesporte, em 1983
Ford Escort XR-3Muitas foram as tentativas de se produzir um carro verdadeiramente esportivo no Brasil. E muitas outras ainda serão feitas, principalmente pelos idealistas das pequenas fábricas de veículos fora-de-serie. Algumas nasceram a partir de modelos já existentes, mas sempre pretendendo proporcionar uma aparência esportiva ou mesmo mais agressiva e atingir um mercado carente de veículos com essa característica. Certas opções chegaram a agradar, por um motivo ou outro, mas sempre foi difícil conciliar potência, estabilidade, dirigibilidade, segurança e aparência num único carro, que exigia também um compromisso de preço para a viabilização do projeto. Por isso, a empreitada nem sempre se mostrou viável.
Com o lançamento do último membro da linha Escort, o tão esperado XR-3, um carro de série munido de atrativos visuais e virtudes técnicas em número suficiente para torná-lo realmente num esportivo, cremos que aqueles que ansiavam por isso poderão finalmente sentirem-se plenamente satisfeitos.
Em principio, trata-se de uma versão totalmente voltada para o público jovem e ávido por emoções, mas que agradará a todas as pessoas que sentem prazer em dirigir, independentemente da idade. XR-3: completíssimo.
Dificilmente alguém conseguirá encontrar algum equipamento para ser incluido num carro como o que nos foi cedido.
Além de todos os itens existentes anteriormente nas outras versões, como, por exemplo, vidros e trava das portas elétricas, limpador e desembaçador do vidro traseiro, conta-giros e uma série de outros detalhes, o XR-3 conta ainda com faróis de milha e de neblina, teto solar, rodas de aro 14 e pneus série 60, bancos especiais, motor mais “bravo”, spoiler dianteiro e traseiro, suspensões condizentes com a proposta esportiva, lavador de faróis, volante de menor diametro e caixa de direção mais rápida.
Sua aparência denota agressividade e esportividade, que realmente estão presentes no momento de dirigir.
O motor é o mesmo CHT que equipa a linha, porém com modificações que justificam a idéia de esportividade. Cabeçote modificado, válvulas de admissão maiores, novo comando de válvulas. novo coletor de admissão e o mesmo carburador, com ventúris de maiores dimensões para melhorar a alimentação. Um radiador de óleo completa as modificações, permitindo ao motor trabalhar por mais tempo em regime de rotações elevados, sem comprometer o funcionamento.
As suspensões também não foram alteradas. Somente a tensão de molas e amortecedores foi otimizada para um desempenho mais esportivo. Aliado às rodas de liga leve de aro 14 e 5 1/2 polegadas de largura, com os pneus radiais série 60 mais largos - 185/60 HR 14 - , esse fato garante dirigihilidade esportiva e muito boa aderência. Continuando com a complementação das suas características, a instalação de spoiler na dianteira, na traseira sobre a porta de trás e também nos páralamas traseiros, que personaliza e melhora a aerodinâmica nas altas velocidades.
Internamente, os bancos anatômicos, próprios para manter o motorista perfeitamente instalado, mesmo nas grandes acelerações transversais, proporcionam carreto e cômodo posicionamento. O volante é de menor diâmetro e tem muito boa “pegada”. No console, a incomum presença de um compartimento com quatro gavetas individuais, para o armazenamento de fitas cassete.
O teto solar é um caso à parte. Com duas opções de uso - basculante e deslizante -, é acionado por uma manivela que, girada para a direita, muda o ângulo de inclinação, basculando-o; para a esquerda, deixa-o embutido entre o teto e a forração. Outro detalhe de sofisticação é a persiana própria para impedir a elevação da temperatura interna do carro quando estacionado sob o sol ou mesmo nos trajetos de calor intenso, quando a ventilação é facilitada, sem que o sol penetre no interior. Pode-se lamentar apenas a ausência de ar condicionado, que só estaria disponível a partir de Janeiro.
O visual do XR-3 é excelente, mas isso não é tudo. Dentro do carro, a primeira impressão é de aconchego e segurança ao se “encaixar” no banco e afivelar o cinto de segurança de três pontos. Regulados o assento e o encosto, tudo permanece à mão e o conforto é de muito bom nível. Assim que o motor é ligado percebe-se que algo diferente acontece. Claro que nada semelhante a um carro de corridas, mas distinto dos outros Escort. Engrena-se a primeira e a movimentacão em baixas rotações, em qualquer marcha, é normal, apesar de o motor ter uma otimização de torque e potência em rotações mais elevadas e condizentes com uma condução mais esportiva. A direção é um pouco mais pesada - em função do volante de menor diâmetro, de uma relacão de caixa de direção mais rápida, com a adição do pinhão de cinco dentes, e de pneus mais largos - que as versões Ghia e GL, mas não em excesso. Nota-se logo a maior rapidez das suas reações e a maior firmeza da sua suspensão, o que demonstra um conforto de marcha não tão acentuado, deixando, porém, antever um bom comportamento em curvas feitas no limite de aderência.
Usando-se o acelerador com vontade, toda a potencialidade fica evidente, principalmente quando o motor cruza a faixa dos três mil giros. O motor do XR-3 ganhou 10 CV com relação aos outros CHT álcool, passando de 72,9 CV no GL para 82,9 CV. Com isso, melhorou em acelerações, ganhando quase um segundo para atingir os 100 quilômetros, partindo da imobilidade, em relação ao motor convencional. O XR-3 precisou de apenas 12,3 segundos para atingir os 100 km/h, enquanto o GL levou 13,2 segundos. A velocidade máxima também é muito boa para o motor, atingindo os 173,8 quilômetros reais— 8,8 quilômetros melhor que o do teste anterior. Um carro realmente muito rápido.
O conjunto suspensões, rodas e pneus assegura toda a estabilidade e aderência que ele necessita para vencer curvas nas mais variadas situações e em velocidades elevadas. E um prazer constatar o comportamento seguro e as reações tranquilas nas derrapagens, sem nunca surpreender o motorista com atitudes bruscas ou imprevisíveis. Nas frenagens, em situações de emergência, seu procedimento é irrepreensível, “grudando” no chão e mantendo a trajetória sem qualquer tipo de oscilação.
Com a otimização do desempenho é evidente que o consumo ficou comprometido, mas não a níveis absurdos ou alarmantes. Como média de cidade ele precisou de um litro de combustível para rodar 8,4 quilômetros, enquanto a outra versão de motor a álcool rodou 9,8 quilômetros. Na estrada o XR-3 marcou 11,2 quilômetros/litro, como média de várias situacões, enquanto o GL percorreu 13,7 quilômetros. Isso significa que ele gastou 14,3% a mais na cidade e 18,3% na estrada. Na média geral padrão AE, obteve 9,3 quilômetros/litro de álcool. Pela melhora de desempenho, o consumo pode ser considerado acima da média.
Conclusão
Desempenho, dirigibilidade, conforto, equilíbrio e até mesmo sofisticação são alguns pontos que podem ser ressaltados entre muitos no XR-3. Sem dúvida, um dos melhores carros da nossa indústria. Quem esperava por um carro esportivo, de aparência e desempenho, não terá o que reclamar.
Fonte: Autoesporte
Este é um nicho que a FORD abandonou no Brasil. Assim como os Station Wagons.
ResponderExcluirE hoje é dificil achar algum em bom estado....
ResponderExcluirA unica "pena" era o volante neste escort; que eu achava feio....
Até hoje acho que o volante do XR3 de 1999 (acho) que depois saiu até no escort Hobby; pequinininho; com os controles de seta e limpador curtinhos bem junto ao volante; um dos mais bonitos já feitos; junto com o do corsa GSI...
Tenho boas recordações desse XR3...
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